Simplesmente uma metralhadora despejando bala em tudo que vê pela frente. É a única síntese que consigo fazer de Terra em Transe de Glauber Rocha. Um retrato sarcástico da América Latina no período pré-ditatorial dos anos 60, uma crítica que sobra para tudo quanto é ideologia presente no cenário político.
Glauber constitui o filme com cortes e tomadas de câmeras rápidas derivadas da escola européia de cinema. Tudo isto tapa o buraco do vazio financeiro de não ter uma produção mais cara e requintada para a época. Mas a brutalidade do filme só existiria por causa de algumas "tosquices" (no bom sentido) causadas pela infraestrutura cinematográfica do Brasil.
O enredo apresenta devaneios e fatos que forçam o espectador a pensar, as mensagens poéticas entrelaçadas com sons de armas e instrumentos de percursão é impactante, uma grande sinfonia do caos político. Em meio a tudo isto existe o protagonista Paulo Martins, que representa a crítica aos intelectuais da época, uma pessoa que apoiou tanto a direita quanto a esquerda. Citei isso já que volto à alegoria da metralhadora que fiz no primeiro parágrafo. Um filme visceral e obrigatório.
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